A disputa estava acirrada até o último disparo. Em 2008, durante as Olimpíadas de Pequim, o indiano Abhinav Bindra estava empatado com seu concorrente na última rodada do tiro esportivo de 10m. Com um disparo quase perfeito, Bindra garantiu a primeira medalha de ouro individual da Índia em Jogos Olímpicos, um marco que muitos esperavam ser o ponto de virada para o país. No entanto, 16 anos e quatro Olimpíadas depois, a realidade não correspondeu a essas expectativas, com a Índia conquistando apenas uma medalha de ouro adicional nesse período.
A Índia, o país mais populoso do mundo com mais de 1,4 bilhões de pessoas, conquistou apenas seis medalhas em Paris 2024, nenhuma delas de ouro, ficando abaixo do recorde de sete medalhas em Tóquio 2020. Apesar de ser a quinta maior economia global e ter realizado feitos significativos, como pousar uma espaçonave na Lua, o país continua a ter um desempenho inferior nas Olimpíadas, ocupando a 71ª posição no quadro de medalhas, atrás de nações com populações muito menores.
A falta de investimento em esportes é apontada como um dos principais motivos para o desempenho modesto da Índia. O país nunca desenvolveu um programa de treinamento nacional robusto, diferentemente de outras potências olímpicas como Estados Unidos, China e Rússia. Além disso, os atletas indianos enfrentam desafios como financiamento inadequado e acesso limitado a instalações esportivas. A saúde pública também é um obstáculo, com uma alta taxa de desnutrição infantil que afeta o desenvolvimento físico desde a infância.
Outro desafio significativo é a barreira enfrentada por atletas femininas em uma sociedade ainda patriarcal. A história de Sakshi Malik, uma lutadora que abandonou o esporte para lutar contra o assédio sexual no esporte indiano, exemplifica as dificuldades adicionais que as mulheres enfrentam.
Apesar dos desafios, a Índia mostra sinais de progresso. Iniciativas como o "Khelo India" e a reformulação do "Target Olympic Podium Scheme" buscam identificar e apoiar talentos emergentes, especialmente em áreas rurais. O primeiro-ministro Narendra Modi também tem reconhecido a importância do esporte como uma forma de poder brando, destacando a ambição crescente do país em se tornar uma força olímpica.
Analistas acreditam que, embora o caminho da Índia para se tornar uma potência olímpica esteja apenas começando, o país tem potencial para estar entre as nações de destaque no quadro de medalhas em uma década. Contudo, será necessário um investimento contínuo em infraestrutura esportiva e apoio aos atletas para que esse potencial seja plenamente realizado.
0 Comentários